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    Írisz: as orquídeas

    Por Noemi Jaffe
    Existem 14 citações disponíveis para Írisz: as orquídeas

    Sobre

    Vencedora do prêmio Brasília de Literatura com A verdadeira história do alfabeto, Noemi Jaffe constrói uma trama envolvente que investiga os limites da ideologia e as agruras do amor.


    Com a entrada da União Soviética na Hungria, em 1956, Írisz foge de Budapeste, deixando para trás a mãe doente e um passado cheio de lacunas. Quando chega a São Paulo para estudar as orquídeas, essa mulher singular e indecifrável logo encanta Martim, diretor do Jardim Botânico.

    Agora que Írisz desapareceu, ele terá de preencher seu vazio com os relatórios nada ortodoxos deixados por ela, que transitam entre as particularidades da língua húngara, a crise da utopia comunista, memórias pessoais e algumas observações - bastante inusitadas - sobre as orquídeas.

    Com o trabalho meticuloso da palavra que lhe é característico, Noemi Jaffe oferece uma trama rica e envolvente, que investiga os limites da ideologia e as agruras do amor.

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    Citações de Írisz: as orquídeas

    Quando alguém acredita tanto na própria vontade, é preciso começar a duvidar, porque o desejo fica parecido com a fé.

    Sempre achei as orquídeas melhores do que as outras flores, por causa das raízes aéreas que permitem que elas se espalhem, que aproveitem dos outros o que eles têm de melhor e que possam crescer sem se fixar.

    Você me ensinou que o amor se pega, se come e se cheira e que a maioria das palavras disfarça mais do que diz.

    os acasos e as coincidências são histórias que se encontram porque têm afinidades e que, em algum momento, se buscam e se acham.

    Que ideia absurda e arrogante essa de acreditar que a liberdade está na alma e não nos lugares

    Sacrifício. Foi isso que você fez por mim e eu não fui grata. Porque o sacrifício exige gratidão;

    Nós já estávamos lá, naquela pátria, mas era como se não estivéssemos, como se nunca tivéssemos estado. Somente entoando essa canção, junto com eles, sentíamos que o país seria nosso, que estávamos retornando a ele — um país perdido para os austríacos, para os alemães e para os soviéticos.

    Já no húngaro, uma língua “aglutinante”, as preposições, conjunções e pronomes ocorrem como afixos — prefixos e sufixos — que adquirem significados diferentes de acordo com a raiz das palavras às quais se aglutinam. Assim, em lugar de dizer “meu carro” ou “para Budapeste”, diz-se carromeu e Budapestepara. Isso faz com que se criem significados sempre novos para raízes fixas. Poderiam aglutinar-se livremente, por exemplo, alguns afixos à raiz de pedra, obtendo palavras como: pedraminha, pedracom, pedrasob, pedrade, pedraaté, pedraapesar.

    Mas, para você, os acasos e as coincidências são histórias que se encontram porque têm afinidades e que, em algum momento, se buscam e se acham. Essa é sua maneira de compreender nosso encontro e nossas semelhanças que, na verdade, são poucas, mas, na sua opinião, definitivas: o gosto pelas palavras e pelas plantas.

    Existe tanta diferença assim entre viver e contar? Se conto as coisas, em lugar de vivê-las, se aumento tudo, vivo menos?

    Você sabia que, todos juntos, furamos nossas bandeiras e caminhávamos pelas ruas empunhando bandeiras furadas, porque uma manifestante, sozinha, resolveu cortar a estrela soviética e, instantaneamente, todos a seguiram? Como isso nos dava força! Carregar essa bandeira esburacada era mais forte do que carregar bandeiras intactas! Era o fim possível não só da presença soviética na Hungria, como também da presença nazista, de anos atrás e até do Império Austro-Húngaro, de outro século.

    anos. Não havia o que relativizar e o que aconteceu, aconteceu. Os russos entraram em Budapeste e mataram milhares de pessoas. Pessoas que queriam sindicatos, trabalho, comida e um governo autônomo, soberano e socialista. Quem eram essas pessoas? Jovens, camponeses, intelectuais, trabalhadores, profissionais liberais, operários, soldados, padres, mães.

    E tudo isso, a língua e as comidas, nessa cidade impossível que chega a ser bonita de tão feia e por isso me lembra Budapeste, que é talvez o contrário, uma cidade que chega a ser feia de tão bonita.

    As coisas. Tão solitárias e possíveis.

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