Prefácio Lagunar
«Que historiador há ou pode haver, por mais diligente investigador que seja de sucessos presentes ou passados, que não escreva por informação? E que informações há-de haver que não vão envoltas em erros, ou de ignorância ou de malícia? Que historiador houve de tão limpo coração, tão intenso amador da verdade, que o não inclinasse o respeito, a lisonja, a vingança, o ódio, o amor da sua nação (…) ou do seu ou estranho príncipe? Todas as penas nasceram em carne e sangue, e todos os historiadores na tinta de escrever misturam as cores dos seus afectos».
Padre António Vieira in «História do Futuro»
Águas antigas. Laguna primordial. Horizontalidade cristalina, reflexiva e majestática. Amazónica miragem. Local ameno. Espelho social. Policromática paisagem. Catedral verde e sussurrante. Margens polémicas. Geográfica atracção. Matriz existencial. Memória afectiva… Opus Perfectum!
Escrevo este prefácio geo-historizante sobre as páginas de quase 40 anos de amizade. Traduzidos na dialéctica de uma profissão comum, a dos amantes do passado. É deste modo amigável, que convido o leitor a apreciar as formas eruditas e a geometria variável das várias instâncias multidisciplinares auxiliares da História. O autor (nosso mestre) recorre a todas as suas capacidades e potencialidades, para salvar do esquecimento, a notável memória de um lugar e o labor secular das suas gentes medievais ou modernas.
Com fascinante mestria através de toda a sua narrativa histórica, nunca perdemos de mão a coerência científica, num sinuoso deambular de diacronia-sincronia, neste local tão magnífico como único a nível nacional. Atravessamos assim, a longa estrutura dos tempos godos, árabes ou moçárabes desta nossa pequena pátria local. Pátria essa, tetralocalizada num gratificante e maravilhoso momento espacial: o Baixo Vouga, a Pateira de Fermentelos, o Rio Águeda e o Rio Cértima. Sociedade bairradina imaginária e marginal.
Verdadeiro autenticador de identidade, este historiador invade territórios plurais. Ao sabor da sua prodigiosa imaginação, o leitor viaja no tempo do passado local, e passo a passo, vai-se familiarizando com toponímias ocultas, rotinas esquecidas, arqueologias agrárias, conceitos antropológicos vivos, narrativas sociológicas e sobretudo, com a diversidade secular do mundo. Quão audaz é o poder invasor da inteligência interdisciplinar, quando torna o leitor ávido de saber, num apaixonado pela(s) ciência(s) do passado!
Narrativo histórico, mimético e estruturante, dando corpo e coerência a um projecto cultural. Visionário sagaz de um mundo, que tenta salvar do anonimato, nobilitando-o através de árdua investigação e aceitando os desafios maiores da divulgação. A omnipresença do seu rigor histórico, aliado à moderna atitude ética da modernidade, transforma-o em personalidade autoral determinante.
A sua agradável simbiose entre cultura(s), arte, técnicas e letras transporta-nos para uma outra dimensão da História. Através da retórica clara e de um optimismo racional, abre largas portas para a oportunidade do conhecimento, travando os riscos da evaporação documental, assim como, a volatilidade das nossas ignorâncias plurais. As suas novas verdades são sem dúvida, fruto de um longo exercício de investigação, e sobretudo, duma imaginação científica muito disciplinada.
Mas, nas suas ousadias e aventuras intelectuais somos confrontados com uma questão pitonísiaca. As metamorfoses subtis da sua narrativa histórica, superam todas as derivações das fronteiras do tempo local. Tempo local, projecto histórico. Tão sabiamente consubstanciado no intangível, invisível e inaudível léxico da Cultura dos Afectos … nasce assim a sua História do Futuro: Opus Perfectum!
De historiador para historiador, de amigo para amigo, de admirador para admirado, pessoa de quem sempre gostarei mesmo para além do meu tempo.
(Fernando Dias, Historiador | Docente do Colégio Frei Gil e Consultor Cultural)
«Que historiador há ou pode haver, por mais diligente investigador que seja de sucessos presentes ou passados, que não escreva por informação? E que informações há-de haver que não vão envoltas em erros, ou de ignorância ou de malícia? Que historiador houve de tão limpo coração, tão intenso amador da verdade, que o não inclinasse o respeito, a lisonja, a vingança, o ódio, o amor da sua nação (…) ou do seu ou estranho príncipe? Todas as penas nasceram em carne e sangue, e todos os historiadores na tinta de escrever misturam as cores dos seus afectos».
Padre António Vieira in «História do Futuro»
Águas antigas. Laguna primordial. Horizontalidade cristalina, reflexiva e majestática. Amazónica miragem. Local ameno. Espelho social. Policromática paisagem. Catedral verde e sussurrante. Margens polémicas. Geográfica atracção. Matriz existencial. Memória afectiva… Opus Perfectum!
Escrevo este prefácio geo-historizante sobre as páginas de quase 40 anos de amizade. Traduzidos na dialéctica de uma profissão comum, a dos amantes do passado. É deste modo amigável, que convido o leitor a apreciar as formas eruditas e a geometria variável das várias instâncias multidisciplinares auxiliares da História. O autor (nosso mestre) recorre a todas as suas capacidades e potencialidades, para salvar do esquecimento, a notável memória de um lugar e o labor secular das suas gentes medievais ou modernas.
Com fascinante mestria através de toda a sua narrativa histórica, nunca perdemos de mão a coerência científica, num sinuoso deambular de diacronia-sincronia, neste local tão magnífico como único a nível nacional. Atravessamos assim, a longa estrutura dos tempos godos, árabes ou moçárabes desta nossa pequena pátria local. Pátria essa, tetralocalizada num gratificante e maravilhoso momento espacial: o Baixo Vouga, a Pateira de Fermentelos, o Rio Águeda e o Rio Cértima. Sociedade bairradina imaginária e marginal.
Verdadeiro autenticador de identidade, este historiador invade territórios plurais. Ao sabor da sua prodigiosa imaginação, o leitor viaja no tempo do passado local, e passo a passo, vai-se familiarizando com toponímias ocultas, rotinas esquecidas, arqueologias agrárias, conceitos antropológicos vivos, narrativas sociológicas e sobretudo, com a diversidade secular do mundo. Quão audaz é o poder invasor da inteligência interdisciplinar, quando torna o leitor ávido de saber, num apaixonado pela(s) ciência(s) do passado!
Narrativo histórico, mimético e estruturante, dando corpo e coerência a um projecto cultural. Visionário sagaz de um mundo, que tenta salvar do anonimato, nobilitando-o através de árdua investigação e aceitando os desafios maiores da divulgação. A omnipresença do seu rigor histórico, aliado à moderna atitude ética da modernidade, transforma-o em personalidade autoral determinante.
A sua agradável simbiose entre cultura(s), arte, técnicas e letras transporta-nos para uma outra dimensão da História. Através da retórica clara e de um optimismo racional, abre largas portas para a oportunidade do conhecimento, travando os riscos da evaporação documental, assim como, a volatilidade das nossas ignorâncias plurais. As suas novas verdades são sem dúvida, fruto de um longo exercício de investigação, e sobretudo, duma imaginação científica muito disciplinada.
Mas, nas suas ousadias e aventuras intelectuais somos confrontados com uma questão pitonísiaca. As metamorfoses subtis da sua narrativa histórica, superam todas as derivações das fronteiras do tempo local. Tempo local, projecto histórico. Tão sabiamente consubstanciado no intangível, invisível e inaudível léxico da Cultura dos Afectos … nasce assim a sua História do Futuro: Opus Perfectum!
De historiador para historiador, de amigo para amigo, de admirador para admirado, pessoa de quem sempre gostarei mesmo para além do meu tempo.
(Fernando Dias, Historiador | Docente do Colégio Frei Gil e Consultor Cultural)