A obra fez de José de Alencar um autor reconhecido.
Escrito e publicado sob a forma de folhetins para o Diário do Rio de Janeiro entre 1º de janeiro e 20 de abril de 1857, o romance O Guarani obedece a um ritmo de trabalho frenético que marcou a escrita da obra, assim registrado pelo autor:
"O meu tempo dividia-se desta forma. Acordava por assim dizer na mesa de trabalho e escrevia o resto do capítulo começado no dia antecedente para enviá-lo à tipografia. Depois do almoço entrava por novo capítulo, que deixava em meio. Saía então para fazer algum exercício antes do jantar no Hotel Europa. À tarde, até nove ou dez horas da noite, passava no escritório da Redação, onde escrevia o artigo editorial e o mais que era preciso".
Aos 27 anos o escritor vê seu trabalho reconhecido pelo público. O seu primeiro romance de fôlego dá início ao projeto de fundação de uma literatura brasileira autônoma. A obra enuncia o advento da brasilidade, "encarnada na submissão do índio aos desígnios do colonizador europeu". Sobre a forma épica adotada no romance, o autor escreveu:
"Representa o consórcio do povo invasor com a terra americana, que dele recebia a cultura, e lhe retribuía nos eflúvios de sua natureza virgem e nas reverberações de um solo esplêndido. (...) É a gestação lenta do povo americano, que devia sair da estirpe lusa, para continuar no Novo Mundo as gloriosas tradições de seu progenitor."
Classificado geralmente em romance-histórico, tem 54 capítulos divididos em 4 partes: Os Aventureiros, Peri, Os Aimorés e A Catástrofe. Tem como personagens principais D. Antônio de Mariz, sua mulher D. Lauriana, seus filhos D. Diogo e D. Cecília (Ceci) e sua sobrinha D. Isabel(que na verdade é sua filha), Loredano, Aires Gomes, Alvaro de Sá e o índio Peri.