No final de década de 70 e início da de 80 do século passado, a Ditadura Militar instaurada no Brasil com o Golpe de Estado de 1.964 chegava a um final melancólico. Não havia mais qualquer resquício de apoio popular, o país estava mergulhado numa crise econômica e fiscal. O grupo que exercia o poder procurava uma forma de ?negociar? uma transição, pois a situação era insustentável, os próprios políticos que sempre apoiaram a Ditadura Militar passavam para o outro lado e, se possível, queriam apagar de seus currículos aquele ?passado? que se tornava comprometedor a cada dia. Por sua vez, a sociedade civil também cuidava de, aos poucos, ir se desligando da chamada Revolução de 64. Com isso, a imprensa escrita, falada e televisada, vozes da docência universitária, parte do clero, que tradicionalmente se alinhavam com os ditadores, começavam a mudar de lado, de maneira que, para espanto de muitos, órgãos ou profissionais que há pouco eram a bem dizer porta-vozes dos ditadores, começavam a se alinhar na oposição ou resistência, de tal forma que, de repente, parecia que a dita Revolução de 64 tinha acontecido sem qualquer apoio da sociedade civil ou, absurdamente, contra a sua vontade.
Foi nesse clima que se fez a transição que deixou muitos brasileiros boquiabertos, pois, de repente, o Presidente da República que tomou posse para ?redemocratizar? o país era nada menos que o político que, por anos a fio, tinha sido o líder do partido que dava sustentação política à Ditadura Militar. Poucos entenderam que o processo tinha raízes mais profundas, vinha da época da ?negociação? da anistia ?ampla, geral e irrestrita?, quando se tornou importante assegurar um arcabouço jurídico que desse conforto e proteção aos responsáveis por desmandos e ilegalidades, se possível um arcabouço jurídico que tornasse indevassável esse período negro da História do Brasil. Para isso, seria necessário o exercício da Presidência da República por um mandato, depois uma Assembleia Nacional Constituinte e, finalmente, as tão desejadas eleições diretas.
Esse foi o período de ?recuperação? de conceitos, de absorção de bandeiras e encampação de lutas democráticas. Todo e qualquer conteúdo simbólico devia ser revisto, todas as manifestações artísticas e culturais deviam ser cooptadas pela ?nova? ordem. Então, aos poucos, o conteúdo da arte engajada passou a ser substituído por outros valores, o político era trocado pelo pornográfico, o informal pelo disforme e assim por diante. Não demorou, o próprio significado das palavras começaram a ser alterados até se chegar ao estupidificante politicamente correto.
Nessa transição, a chamada poesia pública e engajada foi desaparecendo, seus autores começaram a ser esquecidos ou precisaram quase que renegar a própria obra para poder continuar no mercado, pois o ?sistema? estava se apropriando das armas artísticas daqueles que efetivamente lutavam pela democratização do Brasil.
O Livro Branco de Poemas Claros é obra típica desse período, deixa evidente, até pelo desleixo formal e mistura do pomposo e do rasteiro, o inconformismo e a inaceitabilidade do que estava acontecendo. Obra sem pretensão outra que não gritar contra o momento e denunciar a farsa. Obra de desencanto e descrença, uma espécie de canto do cisne do movimento da poesia pública engajada. Todos os poemas foram escritos entre 1.981 e 1.989, muitos foram premiados em concursos literários e quase todos foram publicados com destaque nos últimos órgãos da então dita imprensa alternativa.
Foi nesse clima que se fez a transição que deixou muitos brasileiros boquiabertos, pois, de repente, o Presidente da República que tomou posse para ?redemocratizar? o país era nada menos que o político que, por anos a fio, tinha sido o líder do partido que dava sustentação política à Ditadura Militar. Poucos entenderam que o processo tinha raízes mais profundas, vinha da época da ?negociação? da anistia ?ampla, geral e irrestrita?, quando se tornou importante assegurar um arcabouço jurídico que desse conforto e proteção aos responsáveis por desmandos e ilegalidades, se possível um arcabouço jurídico que tornasse indevassável esse período negro da História do Brasil. Para isso, seria necessário o exercício da Presidência da República por um mandato, depois uma Assembleia Nacional Constituinte e, finalmente, as tão desejadas eleições diretas.
Esse foi o período de ?recuperação? de conceitos, de absorção de bandeiras e encampação de lutas democráticas. Todo e qualquer conteúdo simbólico devia ser revisto, todas as manifestações artísticas e culturais deviam ser cooptadas pela ?nova? ordem. Então, aos poucos, o conteúdo da arte engajada passou a ser substituído por outros valores, o político era trocado pelo pornográfico, o informal pelo disforme e assim por diante. Não demorou, o próprio significado das palavras começaram a ser alterados até se chegar ao estupidificante politicamente correto.
Nessa transição, a chamada poesia pública e engajada foi desaparecendo, seus autores começaram a ser esquecidos ou precisaram quase que renegar a própria obra para poder continuar no mercado, pois o ?sistema? estava se apropriando das armas artísticas daqueles que efetivamente lutavam pela democratização do Brasil.
O Livro Branco de Poemas Claros é obra típica desse período, deixa evidente, até pelo desleixo formal e mistura do pomposo e do rasteiro, o inconformismo e a inaceitabilidade do que estava acontecendo. Obra sem pretensão outra que não gritar contra o momento e denunciar a farsa. Obra de desencanto e descrença, uma espécie de canto do cisne do movimento da poesia pública engajada. Todos os poemas foram escritos entre 1.981 e 1.989, muitos foram premiados em concursos literários e quase todos foram publicados com destaque nos últimos órgãos da então dita imprensa alternativa.