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O rio do meio

Name: O rio do meio
Author: Lya Luft

Por Lya Luft

Existem 8 citações disponíveis para O rio do meio

Sobre

"Há um duelo permanente entre duas personalidades que habitam, talvez, todo mundo: uma, a convencional, que faz tudo 'direito'; a outra, a estranha, agachada no porão da alma ou num sótão penumbroso; que é louca, assustadora, quer rasgar as tábuas da lei, transgredir, voar com as bruxas, romper com o cotidiano. E, interfere naquela, 'boazinha', que todos pensam conhecer tão bem. Quando escrevi meu primeiro romance, descobri meu jeito de tentar reunir todas as sombras que se remexiam e chamavam, e de mergulhar, já sem medo, nesse rio do meio que tudo carrega para o mar definitivo."

Lya Luft Lançado originalmente em 1996, O RIO DO MEIO, de Lya Luft, foi um dos pioneiros em um gênero indefinido e inusitado na literatura brasileira: nem ficção, nem relato jornalístico. Original, o livro foi vencedor do prêmio de melhor obra do ano da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA).

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Ficção e Literatura

Crianças olham a vida com olhos grandes de admiração; têm uma graça que o tempo vai lhes tirando

desencontro quando o amor dos adultos deixa o mundo de uma criança em irreparável desordem.

A tragédia começa no fato de que as intenções que movem os gestos nem sempre são entendidas por quem os recebe.

cumplicidade, parceria, são ainda o melhor modo de crescer e nos tornarmos, todos, mais humanos.

Entender que não precisamos ser onipotentes é uma das maiores libertações. Ninguém, homem ou mulher, pai ou mãe, pode ser totalmente responsabilizado pela sorte de ninguém, por seus erros e acertos, por sua solidão ou felicidade — a não ser na medida justa, em que se é responsável por quem se ama, dentro dos limites da capacidade de cada um.

“Amar alguém é deixá-lo livre”, escreveram-me num bilhete. Deve ser esse o mais difícil e obscuro dos segredos de conviver bem.

Vivemos mergulhados no mistério, mas também condicionados pela sociedade — essa abstração assustadora por ser imponderável e impessoal, sempre mutável, nem sempre previsível. Reivindicar é essencial. Mas a postura individual, sobretudo das mulheres, nem vítimas ressentidas nem agressoras amarguradas, vai gerar a verdadeira mudança. Só pessoas decididas a viver a vida em plenitude e amar com alegria — começando por si mesmas — podem influir para que os papéis e os valores em jogo na relação do par se transformem. Falo de homens e de mulheres — de muitas coisas mal explicadas, e de muitas inquietações.

Respeito mútuo é uma postura pessoal que nasce bem antes do encontro dos dois: vem desde a geração, vem da família original, vem dos modelos da casa paterna, tem sementes imponderáveis na constituição psíquica de cada um. Os mais carentes e inseguros tendem a ser os mais possessivos, cercando o outro de todos os lados para que não se afaste demais no caminho da sua liberdade: assim começa o declínio de sua relação.