Perdas e Ganhos
Existem 11 citações disponíveis para Perdas e GanhosSobre
Talvez você seja redirecionado para outro site
Todo amor tem ou é crise, todo amor exige paciência, bom-humor, tolerância e firmeza em doses sempre incertas. Não há receitas nem escola para se ensinar a amar.
para saber defender-me no terreno violento em que vivemos preciso ter uma sólida raiz de afetos.
O meu diminuto jardim me ensina diariamente que há plantas que nascem fortes, outras malformadas; algumas são atingidas por doença ou fatalidade em plena juventude; outras na velhice retorcida ainda conseguem dar flor. Essa mesma condição é a nossa, com uma diferença dramática: a gente pode pensar. Pode exercer uma relativa liberdade. Dentro de certos limites, podemos intervir. Por isso, mais uma vez, somos responsáveis, também por nós. Somos no mínimo co-responsáveis pelo que fazemos com a bagagem que nos deram para esse trajeto entre nascer e morrer.
Pois viver deveria ser – até o último pensamento e o derradeiro olhar — transformar-se.
No instrumento de nossa orquestração somos — junto com fatalidades, genética e acaso — os afinadores e os artistas. Somos, antes disso, construtores de nosso instrumento. O que torna a lida mais difícil, porém muito mais instigante.
É que somos, além de aflitos, desorientados. Falta-nos o hábito de observar e de refletir. Preferimos evitar o espelho que faz olhar para dentro de nós. Cada vez mais amadurecemos tarde ou mal. Somos crianças tendo crianças.
Esse se tornou para mim o conceito básico de família: aquele grupo, ou aquela pessoa que, mesmo se não me compreende e às vezes nem aprova, me respeitará e amará como sou — ou como consigo ser.
Queiram os deuses que nesse processo de domesticação a gente consiga preservar a capacidade de sonhar. Pois a utopia será o terreno da nossa liberdade. Ou acabaremos como focas treinadas cumprindo corretamente nossas tarefas, mas soterrando aquilo que chamamos psique, eu, self, ou simplesmente alma.
Tenho observado algumas jovens que atendem seus pacientes, adultos ou adolescentes, em roupas mais adequadas à danceteria do que à gravidade de um consultório. Nunca me canso de comentar que ali vamos fazer algo mais grave ainda do que remendar as entranhas numa mesa cirúrgica: tentamos remendar a nossa pobre alma.
Digo que poderíamos ser muito mais felizes do que geralmente nos permitimos ser, mas temos medo dos preços a pagar. Somos covardes.
O equilíbrio da balança depende muito do que soubermos e quisermos enxergar.