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    Um lugar na janela

    Por Martha Medeiros
    Existem 10 citações disponíveis para Um lugar na janela

    Sobre



    Em Um lugar na janela, a cronista Martha Medeiros abre espaço para a viajante. Aqui não há nada inventado, tudo aconteceu de verdade: as melhores lembranças, as grandes furadas ainda em tempos pré-internet, as paisagens de tirar o fôlego. A autora de Feliz por nada compartilha com seus leitores as mais afetuosas memórias de viagens feitas em várias épocas da vida, aos vinte e poucos anos e sem grana, depois, já mais estruturada, mas com o mesmo espírito aventureiro, e com diversos acompanhantes: as amigas, o marido, as filhas, o namorado, não importa a companhia, vale até mesmo viajar sozinha.

    Com o mesmo estilo pessoal das crônicas, Martha Medeiros transmite aquilo que de melhor se leva de uma viagem: as recordações. É como deixar-se perder num lugar novo ? pode ser uma mochilagem pela Europa, uma aventura em Machu Picchu, uma temporada no Chile, poucos dias no Japão ? para depois se reencontrar consigo mesma.

    Um lugar na janela é um convite para deixar de lado a comodidade do sofá, as defesas e embarcar junto com Martha. O bom viajante é aquele que está aberto a imprevistos, ou seja, a viver.
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    Citações de Um lugar na janela

    Sair de casa é a oportunidade de sermos estrangeiros não só aos olhos dos nativos de outro país, mas estrangeiros num sentido mais amplo.

    A liberdade é uma ilusão, eu sei. Ninguém é inteiramente livre, a não ser que não possua vínculos.

    O escritor Gustave Flaubert defendia a tese de que a nacionalidade de uma pessoa não deveria ser estabelecida por sua cidade de nascimento, e sim pelos locais pelos quais a pessoa se sentia atraída.

    Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar.

    Todai-Ji, templo que abriga o maior buda do país, uma estátua imponente de 16 metros de altura. É um lugar bastante atrativo, localizado no parque de Nara, onde

    você é do tipo que não consegue se maravilhar com o que está vendo porque está mais preocupado com os mosquitos, os remédios, as gorjetas, o fuso horário e em checar os e-mails do trabalho, não viaje. Se você não faz ideia em que ponto do mapa fica o local para onde está indo, não tem a mínima curiosidade sobre a cultura do lugar, até desconhece o idioma falado, não viaje.

    Viajar minimiza preconceitos. Viajantes não têm partido político, classe social, time de futebol, firma reconhecida em cartório, senhas decoradas na cabeça. Reciclam-se a cada manhã, quando acordam – e acordam, que benção, sem a tirania do despertador.

    A liberdade é uma ilusão, eu sei. Ninguém é inteiramente livre, a não ser que não possua vínculos. Como qualquer pessoa saudável, não abro mão de laços afetivos, a vida seria muito árida sem amor.

    Inúmeros motivos justificam essa minha gamação por estar na estrada. Um deles é que viajar nos faz reagir conforme a demanda do momento, que é sempre imprevisível. Comer aranhas fritas, fazer confidências a um homeless, assistir às luzes de uma aurora boreal, colocar uma cobra em torno do pescoço, percorrer vilarejos de bicicleta, dormir sobre a grama de um parque, ir a uma festa promovida por hare krishnas, casar de sarongue numa ilha da Polinésia. Sair de casa é a oportunidade de sermos estrangeiros não só aos olhos dos nativos de outro país, mas estrangeiros num sentido mais amplo.

    viajar é uma maneira de nos espalharmos, de rompermos com nossas divisórias internas e aniquilarmos medos e tabus.

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