"A janela estava aberta ao luar: porém, de uma grande amendoeira, que subia quase apegada aos altos muros da casa, caíam sombras ne¬gras fazendo lavores imensos no pano do caiamento, e assim, era numa grande mancha, preta como uma nuvem de chuva, que a janela emoldurava-se, adquirindo as parecenças de um remendo quadrilongo, de um tampo de fogo, sobre um pano de trevas. Uma cabecinha loira despontou do ambiente luminoso, e rapidamente fechou-se. Ficou tudo no escuro cá fora, a não ser a face dos corpos onde batia o luar. O murmurejo das on¬das ressoava como a escoar pelo chão.
O regato achatava-se morno e quase invisível sob rijos golpes de sombra. Um corpo alvo se encaminhava por ele acima, e ouvia-se o cha¬pe-chape dos pés.
A intervalos, o corpo resplendia de luar.
Ao depois, a janela abriu uma greta, como uma larga fita de fogo, e a fita fez-se mais larga, e, em seguida, a modos que rasgou-se e de-sapareceu. Ficou tudo no escuro outra vez, a não ser a face dos corpos onde batia o luar.
No dia seguinte, a noite estava zangada. A lua, que ontem era a princesa de pezinhos pequenos, hoje era a Maria Borralheira; tudo era cinza no seio do luar; nem as lindas sombras negras e nem os colora-mentos mágicos porejando encantos de poesia e saudosa tristeza. O céu queria chover, o céu queria chorar, o céu queria mais proteger a virgem que lhe confidenciara na janela aberta.
Virgem?!
Pois quem é que não conhece na vila o velho Antônio Faraó? É aquele que habita no sítio cheio de canaviais. Ele é o senhor da mulher loira que apareceu na janela. É um homem sem mácula. Jesus, então, por que é que a janela não se tornou a abrir? Pois aquilo não era a alegria dos raios da luz e a predileção das sombras da amendoeira? A amendoeira? cortaram-na!
E quem era aquele que subia a corrente fazendo chape-chape? Ele amava muito a mulher loira. Um dia ela disse-lhe: ? Quando vires a luz na minha janela, sobe a amendoeira, e apega-te ao lençol que penderá da sacada."
O regato achatava-se morno e quase invisível sob rijos golpes de sombra. Um corpo alvo se encaminhava por ele acima, e ouvia-se o cha¬pe-chape dos pés.
A intervalos, o corpo resplendia de luar.
Ao depois, a janela abriu uma greta, como uma larga fita de fogo, e a fita fez-se mais larga, e, em seguida, a modos que rasgou-se e de-sapareceu. Ficou tudo no escuro outra vez, a não ser a face dos corpos onde batia o luar.
No dia seguinte, a noite estava zangada. A lua, que ontem era a princesa de pezinhos pequenos, hoje era a Maria Borralheira; tudo era cinza no seio do luar; nem as lindas sombras negras e nem os colora-mentos mágicos porejando encantos de poesia e saudosa tristeza. O céu queria chover, o céu queria chorar, o céu queria mais proteger a virgem que lhe confidenciara na janela aberta.
Virgem?!
Pois quem é que não conhece na vila o velho Antônio Faraó? É aquele que habita no sítio cheio de canaviais. Ele é o senhor da mulher loira que apareceu na janela. É um homem sem mácula. Jesus, então, por que é que a janela não se tornou a abrir? Pois aquilo não era a alegria dos raios da luz e a predileção das sombras da amendoeira? A amendoeira? cortaram-na!
E quem era aquele que subia a corrente fazendo chape-chape? Ele amava muito a mulher loira. Um dia ela disse-lhe: ? Quando vires a luz na minha janela, sobe a amendoeira, e apega-te ao lençol que penderá da sacada."